Por Oswaldo Sanchez
(do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São
Paulo)
Entender como são constituídos os
corpos, as moléculas e os átomos é algo relativamente fácil ao senso comum,
considerando-se a física como é ensinada nas escolas de hoje. Os físicos,
no entanto (ou pelo menos aqueles que pensam no que fazem), estão longe
de se satisfazer com as dúvidas e paradigmas da física moderna. Muitos
fenômenos hoje são explicados a partir de hipóteses diferentes, como por
exemplo no estudo das propriedades de ondas visíveis (fótom x partícula).
Pior ainda, muitos fenômenos ainda não são explicados por modelo algum,
como a existência experimental de partículas que não foram previstas teoricamente,
ou o contrário, a inexistência experimental de partículas que deviam estar
ali, de acordo com todas as previsões teóricas!
Evidentemente
estamos falando de um mundo onde não se pode ver o que se estuda por meio
de instrumentos comuns, como microscópios. O desenvolvimento de tecnologias
para se estudar as partículas subatômicas e suas interações causou a ampliação
do conhecimento sobre a estrutura da matéria. Mas também escancarou a
necessidade de se desenvolver novos modelos para explicar os dados experimentais
que o corpo de conhecimento da física atual não explica bem, para não
falar da matemática usada pelos físicos.
É nesse
campo das certezas mal resolvidas que Brian Greene crava seu livro
O universo elegante. A Teoria de Campo da Física Quântica,
ao ser confrontada com a Teoria Geral da Relatividade, revela muitas
inconsistências. Mas elas podem ser resolvidas assumindo-se que as
partículas subatômicas podem ser entendidas como objetos com propriedades
semelhantes a uma corda vibrante. Daí surge o esforço atual para o
desenvolvimento da Teoria das Super Cordas, que tenta explicar todos
(isso mesmo, todos) os mecanismos do universo. As conseqüências
disso são estarrecedoras para nossa visão comum de espaço e tempo.
Brian Greene
pretende explicar por que e como isso acontece. Por meio de um texto limpo,
sem detalhamento através das fórmulas da física mas com boas ilustrações,
o autor leva-nos aos aspectos envolvidos nessa nova visão de mundo. Leia-se:
visão em formação, pois a Teoria das Super Cordas não é ainda o que se
pode chamar de uma coluna de sustentação da física moderna, e isto é assumido
no livro com toda a franqueza possível.
Por ter resistido
ao uso de chavões da linguagem de laboratórios das faculdades de física,
o autor (e sua tradução) conseguiram tornar a leitura agradável. No entanto,
não se iluda! O assunto é sério e somente o entusiasmo do autor, que reproduz
a incomensurável vontade dos físicos de unificar todas as teorias sobre
a natureza, pôde torná-lo elegante.
Título:
O universo elegante
Autor: Brian Greene (tradução de José Viegas Filho)
Editora: Companhia das
Letras
476 páginas
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